terça-feira, 25 de março de 2014

As nossas cantoras inesquecíveis

Todos os países têm suas culturas próprias. Alguns se destacam mais nas artes plásticas, que ao longo do tempo foram deixando marcas que se enraizaram, como a Itália e a Grécia.
Dentre as culturas, porém, uma deixa marcas em seu povo e além fronteira. É a cultura musical. 
Também todos os países têm seu referencial musical masculino e feminino. Isso é praxe, pois mesmo que os anos passem, as referências musicais não morrem, até se eternizam, com gerações que mesmo que não tenham conhecido compositores e cantores, admiram, curtem, vivem o trabalho.
É natural, isso não é opinião minha, que os homens nesse meio se destaquem mais.
Porém, o destaque feminino na arte musical é uma marca em vários países do mundo. Passam anos, décadas e as grandes cantoras, principalmente, ficam eternizadas, sempre reverenciadas homenageadas com lançamentos em novas coleções, o que mostra que a popularidade de uma artista, principalmente pelo seu talento como cantora, é quase para sempre.
Elis: o Brasil se ressente de seu talento
Portugal, país irmão, tem em Amália Rodrigues, a rainha do fado, sua maior referência musical feminina. Amália, que faleceu em 1999 aos 79 anos, é conhecida e reverenciada mundialmente pela sua bela voz, pelo seu estilo, elegância e carisma. Foi também atriz, mas seu talento como cantora é inconfundível. Seus sucessos são conhecidos mundialmente e seus admiradores, principalmente em Portugal, vão dos avós aos netos, que se encantam com a beleza de seus eternos sucessos.
Os estados Unidos tem algumas artistas que ficaram famosas, desde a época de ouro do Jazz, passando pelo rock até as baladas jazzisticas.
Gosto de algumas cantoras americanas, mas penso que a que eles mais reverenciam é Billie Holiday. Billie teve uma vida muito atribulada, e praticamente só se tornou a grande cantora americana depois de morta. Faleceu cedo, aos 44 anos, mas sua obra é sempre revisitada com edições quase sempre limitadas, algumas de luxo, que a qualificam como uma artista de altíssimo nível pela sua voz e sua qualidade interpretativa, própria para os que têm um bom gosto. Billie é fantásticamente, a meu ver, a grande cantora americana.
A França também é um celeiro de grandes cantoras. São muitas, mas Mireille Mathieu, hoje com 67 anos, é talvez o maior nome vivo da musica francesa. Mireille, que já ganhou vários discos de ouro, é dona de um grande talento e fez uma carreira internacional das mais longevas. além de bem sucedida. 
Amália: eterna rainha do fado
Mas indiscutivelmente o grande nome da música francesa é Edith Piaf. Edith, como a americana Billie Holiday, teve uma vida atribulada e cheia de contratempos desde a infância. A adolescênca foi também tumultuada, morando nas ruas, cantando em cabarés e pequenos bares. Nesse período, seu palco também eram as ruas, as praças. Cantava por qualquer quantia e até por bebida. 
Foi descoberta por um empresário da música que imediatamente a contratou e a colocou na mídia.
Por ser uma pessoa que não teve uma base familiar, quando ficou adulta tornou-se uma pessoa frágil, adoecia muito, que juntando com os problemas com a bebida, fez com sua carreira fosse quase meteórica, mas de muito sucesso.
Holiday: preferida até pelos músicos
Sua voz é inconfundível, perfeita, límpida, simplesmente maravilhosa. Até hoje é considerada a maior cantora francesa de todos os tempos, e seus maiores sucessos são tocados em todos mundo.
O Brasil também é um celeiro de grandes cantoras. Além das belas vozes e grandes intérpretes do presente, algumas até desprezadas pela mídia, temos muitas grandes cantoras, hoje já veteranas, mas respeitadas pelo que produziram e ainda fazem através de shows e especiais.
Maria Betânia, Gal Costa, Zizi Possi são as divas de nossa música popular, ainda são reverenciadas como as maiores. Marisa Monte é, a meu ver, o grande nome que surgiu há mais ou menos 20 anos, mas que tem uma voz, uma interpretação e um carisma fantásticos.
Mas de todas a maior mesmo foi Elis Regina. Elis fez o diferencial, fosse cantando sambas, boleros, marchas-rancho, sua voz, sua interpretação, seu estilo ficaram eternizados como de nossa maior e melhor cantora de todos os tempos.
Piaf: voz bela e inconfundível
Teve, ironicamente como outras cantoras internacionais (Holiday, Piaf, Joplin) uma vida atribulada, e isso certamente foi o ponto nevrálgico de sua carreira. Morreu precocemente, aos 36 anos, quando fazia sucesso com qualquer canção que interpretasse.
Foi Elis Regina que lançou e projetou grandes nomes da MPB que ainda hoje estão aí como Belchior, Fagner, João Bosco, Renato Teixeira, além de ter sido a principal intérprete de nomes como Milton Nascimento, Ivan Lins e Chico Buarque de Hollanda. Era a preferia de Milton, que foi um de seus maiores amigos.
Elis Regina morreu em 1982, portanto há 32 anos, e seu nome é tão forte na cultura musical brasileira, que um show sobre sua vida e sua carreira atualmente faz sucesso no sul do país, com platéias lotando e se emocionando com o talento da artista que faz seu papel, utilizando os trejeitos, a interpretação, a simpatia e carisma da grande Elis no palco.
As cantora quando cantam com emoção e conseguem passar isso para o público empolgam.  Vozes bonitas temos aos montes no mundo. Mas grandes cantoras e intérpretes inesquecíveis é bem diferente de ser somente uma grande cantora. As que conseguem fazer o diferencial, sentindo e passando muita emoção, ficam. E eternamente.

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