quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Temporada de chuvas

A temporada de chuvas chegou de verdade em Belém. Todos os dias, não somente às 2 da tarde, mas pela manhã e na boca da noite -passando, lógico, pelas 2 da tarde- ela vem de mansinho, engrossa e é um Deus nos acuda.
Quando está mansinha, tudo bem, mas quando ela se enfurece é um tal de corre-corre para todos os lados, além de xingamentos, discussões, briguinhas, tudo por causa dela, a chuva.
É que as pessoas na correria, pisam numa poça d'água, outras são vítimas de um motorista que não viu um buraco e passa "chutado" molhando -ou enlameando- o pobre vivente que caminha para o ponto de ônibus.
-É o tempo dela, ninguém pode impedir e nem deve reclamar- diz uma senhor já de cabelos brancos, querendo mostrar a experiência com a chuva.
-É, mas o tempo estava bonito, o sol estava alto, não fazia nem menção de que iria chover! -diz uma senhora com a calça jeans arregaçada para se livrar das poças d'água que enchem os buracos no asfalto que o Duciomar  deixou de herança para o Zenaldo.
O vendedor de sombrinhas e guarda-chuvas aproveita para aumentar o valor de seus produtos. A chuva para ele é literalmente "um negócio da China". Sombrinhas praticamente descartáveis, que antes não custavam nem quatro reais, estão aos olhos da cara, tipo oito ou 10 reais. Uma loucura!
Seu Jorge, antigo bicheiro que faz ponto na esquina da 28 de Setembro com Presidente Vargas, reclama da rinite que com o tempo oscilante, chega e lhe "derruba".
-É a noite toda com o nariz entupido, uma coisa de louco. Sofro todo período de inverno!- diz o veterano "cambista", com uma pequena lata de vick vaporub à mão e um lenço na outra.
Aproveito para me esconder debaixo de uma marquise do Banpará, tentando escapar da chuva, das "batidas" de sombrinhas e dos pivetes, que aproveitam o tempo chuvoso para se dar bem.
Um guarda, de braços cruzados observa um moleque saliente. Olha com os olhos fixos nos do moleque, que não deve ter mais de 14 anos. O olhar foi o suficiente para ele não "bater" a carteira de uma senhora idosa, que "dava mole", como ele comentou com um parceiro dele, mais ou menos da mesma idade.
Uma mulher totalmente "ensopada" parou perto da marquise onde eu estava e comentou:
-Ou cidadezinha pra chover.
Uma vizinha, de seu lado, olhou e comentou como que respondendo:
-É o tempo dela.

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