quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Gavin, a música e as musas paraenses

Dentre as minhas manias, uma delas é assistir  (nem que tenha que gravar para ver depois) o "Trato feito" e "O som do vinil", programas de excelente qualidade que lamentavelmente só passam na TV por assinatura. Por isso estou esperando desde a primeira propaganda (já que o canal que sintonizo mais é o 66, Canal Brasil) o "Brasil Adentro-Música do Pará", que como o "Som do Vinil", é apresentado pelo ex -(?) baterista dos Titãs, Charles Gavin.
Gavin, segundo entrevista que deu a um jornal local, se diz fissurado pela música paraense. Não é para menos. Mesmo que este escriba não seja um grande admirador do "brega", acho o ritmo empolgante, envolvente e muito característico nosso.
Será que Gavin ouviu mesmo nossa música?
Mas penso que Gavin se entusiasmou por pouco. Ele deveria (se não viu) escutar e ver o quanto temos ritmos e artistas  fantásticos por esse nosso Estado e, principalmente, em Belém. Sei que rodou por vários lugares onde ouviu e curtiu alguma coisa da música paraense, mas será que não levaram o apresentador para ouvir mais aparelhagens, bregas, tecnobregas e outros ritmos mais populares? Será que Charles Gavin teve oportunidade de ouvir o samba paraense, o choro paraense no Bar do Gilson? Tomara que ele tenha ouvido e conhecido os Mestres Solano e Vieira, que tocando suas guitarradas, música que tem um toque (a meu ver, melhorado) da música caribenha, encanta quem nunca ouviu. E o rock feito no Pará, que hoje embora não esteja no auge como nas décadas de 80 e 90, sempre foi um dos melhores do Brasil? Que o diga o "Stress", banda do Roosevelt Bala, que gravou até no exterior, e a rapaziada do Mosaico!
A música paraense é sem dúvida uma das melhores do Brasil. É uma música rica, cheia de ritmos, e está sempre se renovando. Além de trabalhar com os ritmos tradicionais brasileiros como o samba, o choro, o velho samba-canção, o artista paraense  tem uma característica peculiar em quase todos os bons compositores, que é usar o regionalismo nas composições. É um celeiro da criação musical em cima de ritmos latinos e caribenhos, de músicas dançantes como o da banda criada pelo Manoel Cordeiro, pai do Felipe, a "Warilou". O Pará possui uma mescla musical tão intensa que quem não conhece fica surpreso, sem entender e procurando adjetivos para qualificar tanta diversidade.
Gavin conversou com muita gente boa, legal da música paraense. Mas não sei se visitou o bar "Coisas de Preto", em Icoaraci, onde se ouve um Carimbó e Siriá da melhor qualidade. E improvisado, vale lembrar.
Vou assistir com atenção aos cinco programas "Brasil Adentro - Música do Pará". Espero que Gavin não tenha sido seduzido pela simpatia fantástica da Gabi Amarantos -que o conduziu pelos bares e bairros da vida paraense mostrando-lhe principalmente o som das aparelhagens- e mostre muito de nossa maravilhosa música.  Se faltar muita coisa a ser mostrada, já que a música do Pará, como já citei, é muito grande, intensa, como por exemplo o talento de nossas cantoras, que Charles Gavin volte e faça um programa extra para mostrar as nossas cantoras que, sem modéstia, podem ser incluídas entre as melhores do Brasil. Se não ouviu, que Gavin volte e ouça as nossas musas cantando  e encantando. A Música paraense e elas merecem!

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