quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Marighella", um grande documentário

Ser comunista nunca foi fácil no Brasil. Imagine ser comunista nos anos 30, 40, quando figuras como Luis Carlos Prestes, Miguel Arraes, Francisco Julião e Carlos Marighela surgiram lutando por uma única causa, que era a  mudança social no país, na época dominado por grupos de extrema direita, que além de conservadores eram reacionários? 
No documentário "Marighella", sobre Carlos Marighella, feito ano passado por Isa Grinspum Ferraz, sua sobrinha, que este escriba teve o prazer de assistir, graças a um amigo, pois ainda não apareceu por estas bandas nossas, a história de um homem que além de lutar pela igualdade de condições sociais, era também um ser humano sensível, muito família e um companheiro querido por todos os seus amigos.
Com narração do ator Lázaro Ramos e música composta por Mano Brown, "Marighella" relata a trajetória de Carlos Marighella desde sua juventude na Bahia, período de militância no PCB baiano e nacional,  seus enfrentamento com a polícia de Getúlio Vargas, atuação como deputado constituinte, chegando até os violentos anos de repressão militar a partir de 1964, quando Marighella  se torna o inimigo público número um da ditadura brasileira, como falavam na época, a "caça mais cobiçada".
O grande brasileiro Carlos Marighella
Ousado, criativo, poeta e com um dom fantástico para escrever textos sempre muito bem elaborados, segundo a sobrinha-cineasta Isa Ferraz, Marighella era também aquele tio que contava histórias até as crianças dormirem, e que quando saía pela manhã tinha o hábito de deixar o café e a mesa preparados para a família. 
O documentário, de grande importância para quem deseja conhecer um pouco dos principais partícipes dos  movimentos políticos que surgiram desde a criação do Partido Comunista, a partir da década de 20,  marca o centenário de nascimento de Carlos Marighella, com depoimentos de sua esposa, Clara Charf, de seu filho, Carlos Augusto Marighella, de ex-colegas de militância, além de antropólogos e historiadores.
Uma das partes do filme, que emociona é quando é mostrado o retrato afetivo de Carlos Marighella. Para isso a diretora Isa Grinspun Ferraz reuniu um rico material histórico para retratar a vida de seu tio. O filme traz desde documentos secretos da CIA até gravações inéditas de rádio feitas em Cuba, nos anos 60, passando por imagens do assassinato  de Carlos Marighella, em 4 de Novembro de 1969, em uma ação coordenada pelo sanguinário delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Dentre os importantes depoimentos do filme “Marighella”, o do crítico literário e escritor Antônio Cândido. 
Um importante filme, que deve ser visto por estudantes e pesquisadores que têm obrigação de conhecer a história real do Brasil, que os livros, infelizmente, escondem. 

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