segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Félix, o nome que faltou nos 30 anos

O Jornal Diário do Pará fez ontem uma edição comemorando os seus 30 anos. Alguns cadernos interessantes, uma  excelente matéria com meu velho amigo Carlos Rauda, hoje aposentado e residindo na Cidade Nova, algumas matérias históricas e até interessantes. Mas o que me chamou a atenção foi  o caderno 13, com o título "Três gerações de talento pelo traço do humor", uma homenagem aos três chargistas do jornal, que são pela ordem o  Atorres (Arnaldo Torres),  Casso (Carlos Augusto Nascimento) e o mais novo Levy (Wilson Levy).
Este escriba é um admirador do traço humorístico. Acompanho o trabalho dos grandes do País desde os jornais nanicos, que foram os que praticamente os meios de comunicação que abriram as portas e lançaram os grandes nomes do país como Henfil, Ziraldo, Jaguar, Caulos, Glauco e muitos outros. 
Em 1992, com o professor Sain Clair,  editamos uma revista de Charges e Cartuns em Belém, a única até hoje que reuniu a fina flor da arte de desenhar com humor e sátira em nossa cidade. Na revista "ESTE É um pais sério!", em formato 16 toda em preto e branco e com tiragem semanal de mil exemplares, publicamos  os melhores trabalhos de nomes como Walter Pinto, Biratan, Atorres, Mauro, Jorge Laurent, Ropi, Félix, Márcio, J, Bosco, Paulo Emannuel, D. Queiroz, João Bento e Roni, todos chargistas de altíssimo nível, a maioria  trabalhando nos três jornais da cidade: O Liberal, Diário do Pará e A Província do Pará.
A revista, infelizmente, por falta de patrocínio, só saiu 10 edições, mas com a fantástica vendagem de 90% da tiragem, ou seja, dos mil exemplares 900 eram vendidos em cada edição, e o mais importante: este escriba pagava todos os trabalhos publicados, o que era uma maneira de além de divulgar a arte dos nosso profissionais do humor, aumentar um pouco a receita deles .
O sucesso da revista empolgou aos chargista ao ponto de dois deles exigirem pagamento em dólares por charge publicada. Achei estranho, porque o trabalho gráfico e editorial da revista era ainda muito primário em termos tecnológicos e como não tínhamos patrocinadores, resolví parar.
Mas ficou com a maioria deles a amizade e a grande lembrança de termos lançado algo diferente e até inédito em nossa cidade (até o presente não aconteceu trabalho semelhante).
Até hoje quando encontro com figuras como Ropi, J, Bosco, Paulo Emannuel, D. Queiroz, Biratan e outros, relembramos a revista "ESTE É um país sério",  que foi um marco na história do humor em Belém.
Charge de Félix publicada no Diário nos anos 90
Mas com um deles, o cartunista e chargista Félix, na época chargista do Diário do Pará, permaneceu uma amizade muito maior, pelo grande camarada que Félix sempre foi, pelo companheirismo e pela humildade do "meu peixe".
Ontem, quando li o caderno de charges e cartuns em que aparecem várias páginas sobre o trabalho de Atorres, Casso e Levy, atuais chargistas do Diário, e não vi nenhuma menção ao Félix, que foi o primeiro chargista do jornal dos Barbalhos em 1982 até pelo menos o final dos anos 90, confesso que senti uma certa decepção. Félix fez história com seu traço perfeito e suas idéias geniais. Nas greves, nos movimentos políticos, nas eleições, no movimento estudantil reivindicando melhor transporte e a meia passagem, em que todos fomos às ruas e até levamos porrada da polícia para conseguir a vitória, ele sempre se fez presente, com seu traço e sua verve sempre atenta aos problemas sociais.
Não entendi a não citação ao trabalho do grande Félix nas páginas do Diário. Mas, de qualquer modo, fica a certeza do reconhecimento deste escriba ao talento dele e de todos que, no mesmo período em que Félix dava seu recado nas páginas do Diário, mostravam seu talento na Província, no O Liberal e nos alternativos como no Resistência, Resenha e no Jornal Pessoal. 

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