segunda-feira, 4 de junho de 2012

50 anos do "Assalto ao trem pagador"


No final de semana, tive oportunidade de rever -pela sexta vez- o magnífico filme brasileiro "O Assalto ao Trem Pagador" , de 1962, portanto completando 50 anos, dirigido por Roberto Farias, na época com apenas 30 anos, e com roteiro do hoje maior produtor do cinema nacional, Luis Carlos Barreto, o Barretão.
O filme, em preto e branco, foi baseado em fatos reais, embora com um conteúdo policialesco bem romanceado, mostra o assalto ao trem de pagamentos da Central do Brasil ocorrido em 1960, no Rio de Janeiro.
É uma obra que empolga pela qualidade do enredo, da fotografia, dos diálogo, das cenas externas de perseguição policial nas ruas às subidas e descidas nos morros, e principalmente pela atuação de atores como Reginaldo Farias, Ruth de Souza, Dirce Migliacio, Jorge Dória e o genial Grande Otelo, no papel do alcóolatra "Cachaça".
Depois de assaltarem ao trem pagador, os bandidos, todos nascidos e criados no morro, fazem um pacto para não gastarem mais do que 10 por cento do produto roubado durante um ano, sob pena de serem mortos por Tonhão, espécie de número dois do líder Grilo. Pela qualidade do assalto, o planejamento e a pouca pista deixada mesmo numa Rio de Janeiro de 50 anos atrás, faz com que até polícia duvide que o grupo seja nacional. Ao contrário, a suspeita é de que seja uma quadrilha de bandidos internacionais, principalmente pela ousadia do plano.
Grilo, vivido pelo na época jovem Reginaldo Farias,  é um inteligente criminoso da cidade que diz trabalhar para um chefão que chama de "Engenheiro" e com isso convence Tião Medonho e outros bandidos da favela a praticarem o roubo, o maior da época.
O pacto de não gastar o dinheiro durante o primeiro anos foi quebrado pelo próprio Grilo, que por ser branco, bonito e de olhos azuis acha que ele pode pois não é favelado e tem boa aparência, o que desperta a ira dos demais. 
Tião Medonho desconfia de Grilo, achando que ele é o próprio Engenheiro, e numa crise de superioridade do playboy ele o mata e o joga no rio. A cena é uma das mais belas do filme, com um diálogo rico, moderno e mostrando o grande preconceito que imperava em escala bem maior que hoje, tanto o de classe como  de cor.
"O assalto ao trem pagador" ganhou vários prêmios, de atores para Jorge Dória, Dirce Migliacio e de revelação para Eliezer Gomes (Tião Medonho), e prêmios internacionais em Portugal, Senegal e no Festival de Veneza.
Mesmo com 50 anos, "O assalto ao trem pagador" pode ser considerado um dos maiores filmes brasileiros de todos os tempos. Uma obra que merece ser vista e divulgada por cinéfilos.
Aos navegantes e seguidores, uma das mais bonitas cenas de "O assalto ao trem pagador": momento em que Grilo é morto por Tião Medonho -depois de discriminar e humilhar o líder dos assaltantes-, e tem seu  corpo jogado no rio "para os peixes comerem seus olhos azuis".

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