quinta-feira, 31 de maio de 2012

Morre, no Rio, compositor e músico Nelson Jacobina, do "Maracatu atômico"

Jacobina era músico, compositor e arranjador
O compositor Nelson Jacobina, 58 anos, morreu hoje, às 6h45. Ele estava internado desde domingo na UTI do hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo.
Músico desde o início dos aos 70, Jacobina era também compositor, instrumenista, guitarrista e arranjador. Era, juntamente com seur irmão, o também compositor e cantor Rubinho Jacobina, um dos integrantes da Orquestra Imperial desde 2000, e lutava contra um câncer há 15 anos.
Jacobina trabalhava desde os anos 70 com o também músico, compositor e cantor Jorge Mautner, e a parceria rendeu clássicos como Lágrimas negras", "Maracatu atômico", "Árvore da vida" e "Samba-jambo". Segundo Jorge Mautner, eles se  conheceram nos anos 70, quando Jacobina dava uma palestra sobre Nietzsche e a Contracultura. Nesse período, Jacobina formou a "Banda Atômica", com o baterista Vinícius Cantuária e Arnaldo Brandão, que passou a dar apoio nos shows de Jorge Mautner.
"Maracatu atômico", da dupla Nelson Jacobina e Jorge Mautner, clássico lançado no início dos anos 70 pelo próprio Jorge Mautner, que canta tocando seu inseparável violino, ganhou pelo menos 40 gravações, tornando-se um dos grandes sucessos de Gilberto Gil. A música entrou definitivamente para o cancioneiro brasileiro como um clássico da contra cultura. Gilberto Gil definiu a letra de "Maracatu atômico" como "um manifesto da alma do homem da história deste tempo; o caminho do corpo universal, o espírito de Deus".
Abaixo,  depoimentos dos amigos  de Nelson Jacobina Jorge Mautner e Jards Macalé:
Jorge Mautner, amigo e parceiro: O Nelson foi meu parceiro, companheiro de música, de história, trabalhamos juntos desde 1972. Ele já tava com metástase há quatro anos e insistia em viver, fizemos o nosso último show nesse domingo, em Jacareí e ele transbordava vida no palco. Foi impressionante a resistência dele e a dedicação total à música nesses últimos tempos. Acompanhamos toda a dor e, por mais que fosse uma fatalidade anunciada, quando vem a notícia a gente fica muito abalado, é uma dor enorme. Ele deixa um vazio imenso, tão grande quanto seu legado.
Jards Macalé, músico: Nelsinho é gentil, um sábio quando a gente conversava com ele no plano geral do mundo das coisas. Era um músico muito, muito bom. Nos últimos tempos temos o show JM & JM (Jorge Mautner e Jorge Macalé ou vice-versa), ele sempre participava como violonista e parceiro do Jorge. Ele nos acompanhava e nós "terçávamos violões", eu passava pra ele solos, ele também, a gente se acompanhava, era uma transa! Casava perfeitamente, nos divertíamos nós mais do que provavelmente o público. Pessoa bacana, generosa, tudo de bom. A última vez que encontrei foi num show nosso em São Paulo, no início deste ano, acho. Eu já estava preocupadíssimo porque via ele cada vez mais abatido, já estava doente há muito tempo, mas fomos até o grand finale. E digo uma coisa: ele se sustentou até agora por causa da música. O que falar sobre uma dupla dessas? Não tenho palavras, liguei pro Jorge e já choramos à pampa.

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