terça-feira, 15 de maio de 2012

Mauro Shampoo: Jogador de futebol do Ibis, cabeleleiro e homem

Shampoo é o artilheiro do pior time do mundo com um só gol
O futebol brasileiro é cheio de histórias. E histórias folclóricas, como a de Neném Prancha, do dorminhoco técnico da Seleção Vicente Feola, de Dario Maravilha, que dizia que subia e parava no ar igual a um beija flor. E muitas outras. Mas nenhuma história é tão interessante quanto a do Ibis, time pernambucano fundado em 1938, que foi considerado na década de 1980 a pior equipe de futebol do mundo. Pois é, o Ibis, que pouco ganhou em campo, conseguiu o feito de entrar para o Livro dos Recordes como a pior equipe de futebol do planeta.
Mas o Ibis tem outra história ainda mais interessante, fora a de pior time do mundo. Equipe preferida do socialista Miguel Arraes, o Ibis "revelou" o grande "craque" Mauro Shampoo, centro avante, que fez sucesso na equipe pernambucana por todo o período que jogou, exatos 10 anos, por ser um atleta simpático e desempenhar a função de cabeleleiro extra campo.
A história de Mauro Shampoo poderia ser bem triste, mas ao contrário, é de um homem vitorioso. Aos 9 anos engraxava sapatos na praia de Boa Viagem para ajudar no sustento dos irmãos, já que o pai era cego e a mãe do lar. Muitas vezes dormia na rua, em cima de caixas de papel~]ao, frente a um hotel de luxo.
Mauro desde essa época sonhava em ser jogador, e como era torcedor do Ibis -equipe que segundo levantamento feito em 2005, em 1064 partidas que disputou conseguiu o feito de vencer 137, empatar 145 e perder 782, ou seja, teve um aproveitamento de pouco mais de 17 por cento-, tentou a sorte e conseguiu a vaga como centro avante da pequena equipe oriunda de uma fábrica.
O Ibis sempre foi um time fraco. Chegou a passar três anos sem vencer e o recorde de 11 derrotas seguidas. Mas Mauro Shampoo foi criativo com jogador da equipe. Teve a genialidade de criar uma marca e uma maneira de trabalhar como marqueteiro de seu nome e do Ibis, pois profissionalizou-se como cabeleleiro e, em seu Salão de Belezas, ele ou qualquer funcionário que atendesse o telefone usava a simpática frase:
"Bom dia, Salão de Beleza de Mauro Shampoo, Jogador do Ibis, Cabeleleiro e Homem", segundo suas palavras, uma apologia para mostrar que  além de "craque" do Ibis,  mesmo sendo cabeleleiro não tinha nenhum trejeito, era macho mesmo.
Shampoo ficou famoso em todo o país. Em sua trajetória de 10 anos como centro avante do Ibis fez apenas um gol, mas mesmo assim ganhou fama que extrapolou Pernambuco e foi convidado e participou do Programa do Jô, no de  Luciano Hulk, em emissoras de Rádio e de  Tv de vários estados, ganhou um filme com sua história e é hoje figura obrigatória para visitação de turistas que chegam à capital pernambucana.
  Shampoo: jogador do Ibis, cabeleleiro e homem
O único gol que Shampoo fez foi no jogo do Ibis com o América de Pernambuco. O Ibis fez o primeiro, através dele, Shampoo,  comemorado como troféu de vitória de uma guerra, mas depois sua equipe sofreu "apenas" oito gols, numa das mais feias derrotas do Ibis. 
Hoje, aos 52 anos, Mauro Shampoo continua jogando no time de veteranos do Ibis, e o seu Salão de Beleza é referência, pois possui cadeiras com emblemas de clubes como Sport Recife, Santa Cruz, Náutico mas a mais elegante é a do Ibis, que é a cadeira em que Mauro Shampoo trabalha. 
Seu cabelo, todo crespo numa vasta "black power", segundo ele bem ao estilo de Maradona, continua igual. Casou, tem dois filhos, casa própria e carro. Seus filhos, já adultos são rspeitados e o mais interessante são os nomes dos herdeiros do craque: o rapaz é o Shampoo Júnior e a moça Creme Rinse. 
Para um atleta simples, que não brilhou ns quatro linhas mas que soube fazer seu nome, Mauro Shampoo, jogador do Ibis, cabeleleiro e homem, como ele faz questão de dizer, e que chegou a viver praticamente na rua, Shampoo não deixa de ser um exemplo de brasileiro apaixonado por futebol, que lutou muito mas que à sua maneira, honestamente, chegou lá.

5 comentários:

  1. Compadre,

    Gostei do comentário, até porque acompanhei por intermédio das ondas sonoras da Radio Clube de Pernambuco muitos jogos nos quais a equipe do Mauro Shampoo perdia invariavelmente de goleada para o meu time Santa Cruz e das outros equipes participantes do campeonato pernambucano. No entanto, mesmo perdendo, as entrevistas do Mauro Shampoo eram engraçadissímas.

    Vale ressaltar que naquela época Mauro Shampoo disputava a artilharia (risos) do campeonato com os seguintes artilheiros: Santa Cruz: Nunes (ex-Fluminense, Flamengo etc.), Ramon (ex-Vasco, Internacional etc.), Volney (Santa Cruz); Sport: Dario Maravilha (Atlético Mineiro, Flamengo, Paysandu e outros tantos outros); Náutico: Jorge Mendonça (Náutico, Palmeira, Guarani etc.), Patota (Central de Caruaru).

    Permita, acrescenta que o Mauro Shampoo desenvolve um trabalho social muito bonito na localidade onde residi.

    Por fim, permita encerra minha particição com uma descrição do sentimento que desperta o futebol, com a transcrição dos versos da música "É uma partida de futebol" (Skank - composição Samuel Rosa e Nando Reis):

    “[...] A bandeira no estádio é um estandarte/A flâmula pendurada na parede do quarto/O distintivo na camisa do uniforme/Que coisa linda é uma partida de futebol [...]"

    "[...] Se ele [meu time] perder, que dor, imenso crime/Posso chorar, se ele não ganhar/Mas se ele ganha, não adianta/Não há garganta que não pare de berrar [...]”

    Minha saudação aos apaixonados torcedores dos ditos times pequenos.

    Atenciosamente,

    Laerço S. Bezerra

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    1. Eu que o diga. Sofro todos os anos, todos os meses, todos os dias, todas as horas e todos os minutos. Mas não abandono a minha Tuna querida. Um forte abraço meu compradre.

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    2. coloque os nomes de todos jogadores da foto ok

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  2. Meu compadre,

    o meu santinha foi bicampeão, e dentro da Ilha do Retiro. O meu irmão "baita", que bens conheces, informou que foi grande a festa na capital e no interior do estado de Pernambuco.

    Permita-me, informa que "O Mais Querido", composto por Capiba em 1957 e alterado pelo mesmo em 1976, foi adotado pela torcida tricolor durante o passar dos anos e hoje é mais famoso que o hino oficial do clube:

    "Santa cruz! Santa cruz!
    Junta mais esta vitória
    Santa cruz santa cruz
    Ao teu passado de glória
    És o querido do povo
    O terror do Nordeste
    No gramado tuas vitórias de hoje
    Nos lembram vitórias do passado
    Clube querido das multidões
    Tu és o super campeão.
    .......................
    (...)".

    Ah, o que seria de nós sem as paixões!

    "Que coisa linda é uma partida de futebol!"

    Até Logo!

    Laerço S. Bezerra

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    1. Meu compadre, eu que sou cruzmaltino de coração, faz algum tempo que não canto o hino por vitória de título. Mas tenho esperança de ainda ganhar mais alguns tpitulos regionais e mais um brasileiro, do qual somos bi amoeões (1985 e 1992).
      MUDA-SE DE TUDO, DE ROUPA, DE NAMORADA, DE MULHER. MAS DE TIME DE FUTEBOL NÃO SE MUDA NUNCA.

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