quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ídolos fazem falta e provocam felicidade

Dia desses estava pensando cá com meus botões como estamos carentes de ídolos. Teve tempo que as moçoilas vibravam com os ídolos da TV, do Cinema, da Música, etc. E os marmanjos, dentre os quais este escriba se insere, vibravam com o talento de alguns jogadores notadamente diferenciados que surgiam com jogadas mirabolantes quase todos os meses nos times de futebol ou nos campos de várzeas deste nosso Brasil varonil. Também atletas de outros esportes como Basquete, Vôlei, Boxe.
Mas hoje a carência é grande. De repente nessa época de comunicação rápida, de Internet, e-mails, facebook, twiter, Orkut, pintou, acho, uma mudança de hábito geral que fez com que a própria mídia não consiga "vender" imagens de atletas, artistas, músicos, que sempre fizeram parte de nossa cultura.
Os velhos e já esquecidos álbuns de artistas, tão comuns nas décadas de 70, 80 e até nos anos 90 hoje, já não são sequer lembrados para edição pelas publicações. Até mesmos as famosas "revistas de fofocas", que proliferaram a partir dos anos 90 hoje estão relegadas a um plano bem secundário. Algumas nem existem mais e outras são praticamente "dadas" por um ou dois reais.
O mesmo fenômeno acontece com os álbuns do Campeonato Brasileiro. Sempre fui colecionador. Mas, parece até mentira, meus filhos, mesmo na faixa dos 13 e 15 anos,  não gostam mais disso, seus colegas e -acreditem- nem eu mesmo mais me emociono em colecionar. No caso dos álbuns de jogadores, talvez seja pelo sistema de hoje: o jogador aparece (ou nem sequer aparece) e já está indo para a Europa. Ainda nem se "completou" o álbum,  ele já está fora do país. Não dar nem para ficar conhecido.
Para um país que já teve tantos ídolos, seja no Esporte, do Box, passando pelo Atletismo, Vôlei e Basquete, mas  principalmente  no Futebol; na Música, no Cinema, no Teatro e na TV, e vive hoje uma fase magérrima de heróis, os que viveram essa época passada sem dúvida sentem uma ponta de saudade.
Onde andam os novos atletass do Vôlei que ainda não conseguiram substituir Montanaro, Renam, Bernard, William, Xandô? Essa uma verdadeira legião de ídolos brasileiros!  E o saque "Jornada nas estrelas", de Bernard,  quem não lembra? Virou mania nacional. E uma mania sadia. Aliás esses caras com sua técnica fantástica, tornaram-se ídolos e levaram a mania do vôlei para os bairros, para o subúrbio, para o interior.
Hortência com o Basquete ganhou fama no mundo
Eos lutadores como o velho Maguila, que mesmo não sendo genial, com sua simpatia irou mania nacional e chegou até a enfrentar verdadeiras "feras" do pugilismo mundial. E nosso Basqueste, que revelou Oscar, carioquinha, Adilson. E as meninas do basquete, que encantaram até Fidel Castro, 
como Marta, Paula e a genial  Hortência. Viraram febre nacional. Hoje nem se fala mais em Basquete.
E os artistas e diretores do Cinema Novo, que em pleno regime militar, quando os apoios culturais eram poucos, conseguiram grandes bilheterias com filmes de qualidade que são recordes até hoje como "Dona Flor e seus dois maridos", "Chica da Silva", "Lúcio Flávio, o passageiro da agonia" e muitos outros. Foram ícones e tornaram-se nosso referencial da Sétima Arte, tanto artistas como diretores. Hoje a produção é bem maior, mas lamentavelmente não consegue alavancar diretores nem atores. Mas também! Já imaginou o tamanho da pobreza de um filme  "Se eu fosse você"?.  Ou  a mediocridade de "A mulher invísivel"?. Me poupe, meu!
E na Música? Há mais ou menos, 20 anos,  escrevi um artigo em que cobrava novos ídolos na MPB. O artigo "Nossos ídolos ainda são os mesmo", uma referência a um verso de Belchior, deixava claro, já naquela época, minha preocupação. Pois é, até hoje estamos carentes. Mesmo que tenham surgido alguns bons artistas, mas de vida literalmente precoce, como Cazuza, Cássia Eller e Renato Russo, de novo temos pouquíssimas coisas. Um Zeca Baleiro, uma Maria Gadu, que conseguem mostrar algo bom, mas mesmo assim não muito novo, e algumas mesmices que não conseguem empolgar,  mesmo porque não têm performance nem perfil de ídolos.
No futebol, talvez seja onde estejamos mais carentes de ídolos. Não precisa nem ir muito longe para falar dos grandes e inesquecíveis nomes que fizeram história, e no próprio Basil. Da Seleção campeã de 1970, que quase a unanimidade considera a melhor de toda a história, pois juntou numa mesma equipe ídolos como Pelé, Jairzinho, Tostão, Gerson, Rivelino, Paulo César Cajú (nossa!), Piazza, Clodoaldo e mais e mais, ou seja, 11 craques indicutívelmente geniais e 15 reservas de qualidade. E a Seleção de 82, que não ganhou, mas mesmo assim fez história e formou ídolos que até hoje, 30 anos depois, como Zico, Júnior, Leandro, Falcão, Cerezo, Sócrates que faleceu recentemente, tornaram-se referência, figuras inesquecíveis, embora não tenham ganho o título mundial. Zico, hoje com 60 anos, pode-se se pavular e dizer: "fui ídolo de todas as torcidas". O Galinho, como também Júnior e Sócrates,  foram uma junção de tudo: caráter, sensibilidade, simpatia e humildade. Quem admira futebol gosta de todos eles e até hoje respeita a todos.
Hoje, infelizmente, talvez até pela questão da evasão muito grande de craques para a Europa, principalmente, não se consegue formar craques que se tornem ídolos. Mesmo com algumas poucas promessas como Neymar e Ganso, além de outros menos votados, está complicado para se dizer "este é craque", um ídolo de todas as torcidas".  Com  jeito de ídolo mesmo ao que parece só o Neymar.  Mas, como diz o navegante sempre presente neste Blog Luiz Pina, ainda vai ter que ralar muito para chegar lá. 
O fato é que precisamos renovação em todas as áreas das artes (o futebol é também uma arte). Pessoas que reúnam talento com sensibilidade, comunicação, simpatia e uma parcela de humildade. Se isso acontecer neste 2012 seremos, com certeza, uma nação muita mais feliz.

6 comentários:

  1. Cinema: "O palhaço" é um baita filme,melhor até que "Deus e o Diabo na terra do sol"
    Música:Otto,Moveis Coloniais de Acaju,Mombojó,Cidadão Instigado,Zeca Baleiro,Wander Wildner,Lenine,Felipe Cordeiro...

    agora aqui entre nós,pra mim Maria Gadu,Cassia Eller e Cazuza são PÉSSIMOS,eu não tolero

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  2. Ok, meu jovem camarada. Problema que tem muita gente fazendo mesmice. Com de trabalho efêmero, mostram uma coisa e depois "desacontece". Sobre não gpstar do Cazuza, da Cássia e da Maria Gadu: Cazuza era um bom poeta. Veja e analise letras como "Codinome Beija Flor", "O tempo não para", etc. Cássia Eller não compunha, mas tinha uma voz vibrante, que se tornou um ícone. Infelizmente com uma carreira mal direcionada, mas conseguiu agradar. Já Maria Gadu e aprórpia Marisa Monte, têm talento como cantoras e musicistas. Independente de qualquer coisa, poderiam ser ídolos, mas mesmo que tenham um bom cacife perante os demais, ainda não conseguiram. A questão principal é a continuidade do trabalho, da obra, transformar-se em ícone.
    Acho o "Palhaço" um filme bom, já vi, do Selton Mello. Até surpreende. Mas vamos ver o que o Selton vai mostrar no futuro. É uma grande novidade como diretor. Mas o que você acha do fenômeno "Ai se eu te pego", do fenômeno Michel Teló? Insisito que estamos carentes de ídolos, de trabalho contínuo. Coisinha boa temos demais, mas n]ão perduram. Até o Baleiro está com um trabalho descontinuado.
    Mas valeu o comentario, mostra que você, além de inteligente é um jovem antenado, que sabe das coisas e tem uma forte personalidade. Parabéns e obrigado.
    P.S.: Acho toda a obra de Glauber Rocha sensacional, pela inovação, desde a movimentação da câmera até o conteúdo estético-literário. Muito bom.

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  3. sobre esses "Ai se eu te pego" da vida eu não gosto mas tambem não fico perseguindo essas músicas e esses artistas,até porque eu sei que nos anos 70 artistas como Odair José,Waldik Soriano,Evaldo Braga,Nelson Ned e outros que faziam música de "dor-de-cotovelo" foram muito perseguidos e no entanto apesar das suas musicas e poesias serem simples,eram sinceras e de conteúdo verdadeiro e tiveram seu papel (mesmo que secundário) nas transformações sociais brasileiras.
    Sobre o Zeca Baleiro o cara alem de ser um baita compositor ajudou a resgatar grandes nomes da MPB que foram simplesmente esquecidos,conheci as boas obras de Cleiton e Cleidir (o nome parece dupla sertaneja mas não tem nada a ver),Agepe,Benito di Paula,Geraldo Azevedo...
    através do Baleiro.

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  4. Cleito e Cledir são irmãos e tem mais o outro ano deles, o Vitor Ramil. São excelentes, ótimos. O Vitor é inclusive, além de compositor, escritor e poeta. Mas os que você citou ai são artistas populares, da chamada "dor de cotovelo". Só que algumas músicas como os tchans, os se eu te pego, são fracas nas letras e nas melodias.

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  5. pois é,esses "É O Tchan" pra mim são péssimos,mas os motivos pelo qual eu acho eles péssimos são os mesmos motivos pelo quais as pessoas criticam meus tão queridos artistas "cafonas"..por isso eu pego leve ao criticar,hehe

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  6. Excelente esse papao musical. É um de meus preferidos. Valeu.

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