quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Enquanto engoma a calça, eu vou lhe contar...

Um dos assuntos que mais gosto de postar neste Blog, depois de futebol, é sobre cultura, principalmente sobre música. Talvez -repito pela enésima vez- seja herança de meu querido pai, que divertia-se tocando violão, gaita, ou "arranhando" um piano, sempre cantando canções que se imortalizaram em minha cabeça. 
Vez por outra me pego numa peleja com algum amigo, seguidor ou navegante, sobre assunto cultural, notadamente o musical. Há alguns dias venho debatendo com uma pessoa que quero muito bem, um jovem amigo, ele defendendo um lado e eu às vezes concordando e em outras discordando. Explico: ainda não consegui digerir alguns ritmos que perseguem nossos ouvidos, como sertanejo, brega, aché e outros mais, que vejo como produção ruim, além de alienante, fabricados pela mídia e no máximo dançante, que não tem nada a ver com o fantástico arsenal que temos, além de grandes e competentes artistas: compositores, músicos e cantores, que mesmo com talento reconhecido vivem praticamente no ostracismo, escondidos por uma mídia cruel e desumana que despreza o que é bom, preferindo mostrar  o  de sucesso rápido e efêmero que, na verdade, é o que dá dinheiro.
Isso, é importante que fique claro, não é só questão de opinião. Na verdade  é o sentimento de quem acompanha o trabalho de muitos talentos que vivem apagados por falta de apoio, falta de mídia. Artistas que são obrigados a entrar no esquemão do popularesco até pela lei da sobreviência. Lamentavelmente, conheço muitos assim. E você, que neste momento está lendo esta postagem, deve conhecer também dezenas, entre compositores, cantores e músicos. Muitos, infelizmente, até desistem da profissão por falta de apoio.
Acompanho o movimento cultural brasileiro há pelo menos três décadas e meia. Já fui pesquisador, dirigi programas, editei jornais, revistas e páginas de Segundo Caderno, que tratavam específicamente de Cultura, seja Cinematográfica, Musical, Plástica, Teatro, Letras, enfim, o mundo das artes. Vimos o surgimento de muitos talentos em todos os setores. Alguns avançaram, outros perderam o trem da história, mas, a verdade é que o celeiro de gente que faze artes no Brasil sempre foi muito vasto, muito bom.
Hoje vivemos um momento um pouco complicado, com pouca criatividade, pouca novidade. Gosto até de usar o trecho de uma canção de Belchior, onde ele diz:

"Nossos ídolos ainda são os mesmos.
 E as aparências não enganam, não. 
Você pode até dizer que depois dele, não apareceu mais ninguém. 
Você pode ate dizer que estou por fora ou então que estou inventando.
Mas é você que ama o passado e que não vê.
É você que ama o pasado e que não vê que o novo sempre vem".

E vem mesmo. Eu acredito na cultura de uma maneira que ela não é obrigada a ter idade. Pode ser ou de hoje, chamada de antiga, mas pode ser bem moderna. Também não acredito que inventar seja o mesmo que criar. 
Picasso: moderníssimo, mesmo com 130 aninhos...
Bach ou Beethoven dois gênios da música até hoje, varando séculos, são clássicos, imortais. Tenho muitos amigos que só gostam desse estilo de musica. Ou se gosta ou não se gosta, não podemos entrar no modismo ou "ser por ser" para agradar a alguém, forçando nossa sensibilidade. Eles, inegavelmente gênios musicais, se eternizaram pleo talento, se não fossem bons não resistiriam tanto tempo. Também não vale dizer que Picasso é maravilhoso só porque é até hoje super moderno, mesmo tento morrido com mais de 90 anos de idade e já há quase 40. Arte, insisto, não tem idade. Tem ou não tem qualidade.
Um novo modo interpretativo, com uma leitura diferente que não seja só invencionice, que tenha criatividade, vale. Algo que possa agradar a gregos, troianos e baianos.  E desagradar também aos mais exigentes e talvez até mais chatos. O importante é que seja um produto de qualidade, fruto do talento, da competência, não "fabricado" por uma mídia obcecada apenas pelo dinheiro. Se o produto é bom,  com certeza pode durar anos e anos, até séculos...

Um comentário:

  1. eu li uma vez que o jovem cantor Alagoano Vado (não confundir com Wando) que tem misturado samba com música eletronica de forma criativa com letras sutis e bem sacadas vai ter que largar a carreira de músico pra prestar concurso publico,enquanto isso Michel Teló é um sucesso na europa e tá afogado na grana,hehehehehehe.

    mas eu só quero deixar claro que quando eu disse "brega" eu me referi ás canções demasiadamente romanticas que acabam por escancarar certos assuntos que são tabus pra nossa sociedade,cujo romantismo fora de proporção rendem essa alcunha pejorativa,não aos "xupa que é de uva" da vida

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