segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sócrates: o jogador, o intelectual, o político

A história de Sócrates, que faleceu ontem de consequências oriundas de uma cirrose, confunde-se com a própria história moderna do Corinthians. O paraense,  que na verdade nasceu em Igarapé-Açu, chegou ao Clube mosqueteiro em agosto de 1978, logo após o desjejum de 23 anos sem ganhar um título paulista, ganho em cima da Ponte Preta, ou seja, o Doutor chegou ao Clube em pleno período em que a paz estava de volta ao Parque São Jorge. O Corinthians, no período, refeito do jejum de 23 anos, estava cheio de gás, e partia para o crescimento.
Mesmo com uma equipe considerada uma das melhores de todos os tempos, já que na era Rivelino não conseguira ganhar um Paulistão, o Corínthians não chegou a bisar o feito estadual. Mas o  Timão fechou o ano de 1978 com uma equipe que até hoje é uma grande recordação para seus milhões de torcedores: a conquista do Primeiro Turno do Campeonato Paulista (Taça Cidade de São Paulo) e a certeza de que a contratação do meia Sócrates, revelado pelo Botafogo de Ribeirão Preto, e de outros jogadores como Amaral e Biro Biro, faria do Clube Mais Querido de São Paulo, daquele momento em diante, uma equipe mais respeitada e pronta para ganhar títulos e mais títulos..


Time do Corinthians em 1978, início da era Sócrates: (Em pé) Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu. (Agachados) Píter, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir

O doutor estreou pelo Timão no dia 20 de agosto, num jogo contra o Santos que levou mais de 100 mil pessoas ao Morumbi e terminou 1 a 1. Mas é no ano seguinte que Sócrates dá a primeira alegria para a torcida alvinegra.
Depois que clube desistiu de participar do na época desorganizado Campeonato Brasileiro, a conquista do título paulista passou a ser uma obrigação. Com um time cheio de estrelas, como Zé Maria, Amaral, Wladimir,  Palhinha e o Doutor Sócrates,  o Corinthians era um dos favoritos naquele campeonato. Mas mesmo assim, não foi nada fácil: o Timão teve que batalhar muito, para chegar até a final, onde novamente enfrentou a Ponte e foi o grande campeão paulista de 1979. 
Hoje  o companheiro Sócrates é só saudade. Amigos da época de sua chegada ao parque São Jorge  e da geração  que o ajudou na formação da Democracia Corintiana, jamais esquecerão o talento em campo e a competência intelectual e política do paraense que tinha nome de filósofo e tanto dentro como fora de campo, mostrou qualidades que farão com que seu nome seja eternamente lembrado.
As qualidades do Doutor como jogador são inegáveis. Juntando o talento de atleta com a grandeza do intelectual e do político, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), que também foi um  dos grande artífices na luta pela redemocratização do Brasil, fazem do paraense-paulista um homem de seu tempo. 
Com sua lição de vida, o Doutor Sócrates mostrou o que o também jogador e também médico, Dr. Afonsinho,  -craque também politizado que brilhou no Botafogo- tinha razão quando exigiu que os atletas de futebol se organizassem em sindicatos e lutassem, com responsabilidade, como os trabalhadores comuns, pelos seus direitos e direitos de liberdade em seu país.

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