quarta-feira, 22 de junho de 2011

Crônica da Cidade Amada

O SECADOR

Pedro Paulo arrumou-se, no sábado, cedo, para viajar. A mulher Joana estranhou as atitudes do marido, porque antes de começar a arrumação, Pedro havia recebido um telefonema, que ela supunha ser de seu amigo Gerson.
-Pra onde tu pensas que vai, Pedro Paulo?
-Vou ao jogo do Paysandú.
-Mas tú não torces pelo Remo, o que tú queres com o Paysandu?
-Estamos articulando viajar hoje, 2 horas da tarde, para Tucuruí, para "secar" o Paysandú.
-Conversa é essa, cara. Se largar daqui para Tucuruí para torcer contra o Paysandu.Sinceramente, eu não acredito- disse Joana, não entendendo o enredo do samba.
-Pois é. Vai eu, o Gerson, o Grandão e o Rubilar. Inclusive, o Gerson me ligou e ficou certo que a gente vai se encontrar no Bar do Carlos, uma da tarde.
-Égua, cara, até nos finais de semana tú desaparece. Não tem jeito mesmo!- resmungou Joana.
Pedro Paulo é daqueles remistas doente. Possui em seu guarda-roupa 12 camisas do Clube azulino. Gosta de mostrar a mais famosa, uma dourada, do centenário do Clube. Segundo ele, tem uma outra que ele não troca, não vende nem dá de presente a ninguém. Foi a camisa  que vestiu no dia em que o Remo foi campeão da Série C e juntamente com o América do Rio Grande do Norte, ganhou o direito de disputar a Série B do Brasileiro.
Precisamente uma da tarde, Pedro Paulo saiu de casa, com uma mochila, onde tinha duas camisas normais e uma do Remo onde atrás estava escrito a palavra "Secador". Deu um beijinho na mulher Joana, saiu e disse que os colegas fariam a famosa "vaquinha" para botar a gasolina até Tucuruí.
-Depois do jogo a gente sai de lá e até meia-noite estaremos por aqui. Não te preocupa que não vamos beber muito- disse para a mulher Joana.
Sozinha, sem a presença do marido, Joana ficou em casa, vendo televisão e pensativa. Lá pelas 5 da tarde, Marisa, sua amiga de academia,  ligou.
-E aí, mana, que tú estais fazendo?
-Tô aqui de castigo, mana. O Pedro Paulo viajou para "secar" o Paysandu em Tucuruí e estou aqui a ver navios, pode essa?- desabafou Joana.
-Olha, me convidaram para uma festa junina hoje num sítio, parece que o nome é "Forró Nu Sítio". Vamos la´?
-Mas como, mulher. De repente o Pedro liga e eu o que vou dizer?
-Diz que estava dormindo e não ouviu celular.
-Não. Acho melhor ficar em casa.
Solitária, triste, lá pelas 7 da noite Joana liga para Marisa.
-Eaí, o convite ainda está de pé?
-Por que, mana, resolveu sair?
-É. Ficar aqui nessa tristeza é que não dá. Não sei o que ele está fazendo lá em Tucuruí.
-Passo contigo para te pegar depois das 22 horas. Já estou me arrumando, ok?
Antes das 11 horas  as duas mulheres, bonitas e jovens, na faixa dos 30 anos (Joana tem 31 completos), estavam a caminho do Forró Nú Sítio. O local, um pouco distante, não atrapalhou em nada Marisa, boa motorista e com carro semi-novo, adquirido há pouco mais de uma ano, logo depois da separação de seu  marido Cláudio.
A casa estava com uma boa frequência. Muitas mulheres, homens, gente dançando, outros bebendo. A música da época junina rolava à vontade. Joana se mexia, dançava só alegremente. Olhava para um lado, para outro, quando notou que estava sendo observada por um alegre dançarino na faixa dos 45 anos. Sorriso rolou, olhares, até que o cara, se decidiu a encarar e convidar Joana para dançar.
-Te observo já há tempos, você mora aqui por perto?
-Não, sou de Belém -respondeu Joana.
Depois de várias músicas, Marisa também dançava, Joana se afastou com o rapaz para um lugar mais reservado. Rolou um beijo, abraços, muito carinho.
Meia hora depois o casal volta, de mãos dadas. De repente ao aproximar-se da mesa em que está Marisa, Joana quase bate de frente com Pedro Paulo, que acabara de beijar um loura de aproximadamente 22 anos.
-Pedro Paulo, seu cachorro! -gritou Joana surpresa e apavorada com a cena que presenciara.
-Cachorro, eu? E você, o que faz aqui agarrada com esse marmanjo? -indagou Pedro Paulo.
-Não era para tu estares em Tucuruí, que foi que aconteceu, seu safado?
-Safada é você, que era para estar em casa e está na festa se beijando com um macho qualquer!- rebateu Pedro Paulo.
-Macho qualquer, uma ova. Me respeita, otário! -gritou o acompanhante de Joana.
A porrada comeu, Pedro Paulo caiu, se sujou todo, mas a turma do "deixa disso" chegou,  logo apartou. Mas não teve jeito para o casal. Os dois saíram do forró em carros separados e segundo conversa dos amigos até hoje estão em litígio. Tudo indica que permanecerão separados. Tudo por causa de um  remista "secador" que resolveu "inventar" de secar.

(Paulo Marajaig)

3 comentários:

  1. A casa caiu ..heheh e o mundo foi repartido, tudo por culpa de uma pequena CUÍRA.
    cronica bem mangueirosa..kk

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  2. Égua Marcão, quem esse Paulo Marajaig que escreve essas ondas aí, rapaz? O cara se lascou, foi enganar a nega e sifu. (Eduardo do bairro Marco)

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  3. Bem feito para esse sacana que foi secar meu papão. Metido a bom, mais é cornão

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