terça-feira, 29 de março de 2011

A vida, como ela é!

Josias era uma garoto de quase 11 anos, quando envolveu-se em um assalto de um pneu reserva, num carro estacionado numa das ruas perto da Feira do Açaí. Agarrado por dois policiais, o garoto gritava com medo de apanhar dos homens da lei, já que foi pego em flagrante delito, e isso, há uns 18 anos, sem lei de proteção a menores e adolescentes, poderia ser complicado para ele. Seus gritos foram ouvidos por um economista, que saia de seu escritório e deixava sempre seu carro perto de onde Josias havia cometido o delito.
Ariosto, o economista, vendo a cena, correu para os policiais e interviu em defesa do garoto choroso e  pálido de tanto pavor, dizendo que se responsabilizaria em pagar o pneu e pelo garoto. Os policias a princípio tentaram não aceitar a intervenção, mas pelo ar de Ariosto, entenderam que ele teria cacife para daquela maneira, principalmente pela tranquilidade, elegância e educação como se dirigiu aos policiais.
Josias foi para a casa de Ariosto, um amplo apartamento na Rui Barbosa, e passou a fazer pequenos serviços para Dr. Ariosto, em bancos, na limpeza da casa e passou a estudar, já que com dois filhos também garotos, Ariosto e Dona Tereza, sua esposa, preocuparam-se em garantir um futuro melhor para o garoto Josias.
Josias tinha poucos parentes, somente uma tia e a avó que já não tinha muitas forças para segurar seus impulsos de pré-adolescente e segurou a oportunidade de Tio Ariosto  e Tia Tereza com toda a garra.
Aos 19 aos, já com a cabeça assentada, Josias disse que iria sair da casa de D. Ariosto. Já havia feito alguns cursos, terminado o Segundo Grau e iria se aventurar num restaurante, já que se achava muito bom na arte de cozinhar. Já tinha também um envolvimento com uma garota de 21 anos, que trabalhava no prédio.
Saiu de casa, conseguiu trabalhar de auxiliar de cozinha em um restaurante, depois saiu, foi para outro, se profissionalizou como Barman e como Maitre  e correu trecho. Vale lembrar, que sempre dava notícias, já que Dona Tereza pegou muita afinidade um grande carinho pelo garoto, que sempre foi honesto, respeitador e queria saber sempre se ele estava bem. "Qualquer coisa nos procure", dizia sempre ela e Ariosto para o pequeno Josias, que é baixinho, tem apenas 1 metro e 58 de altura, mas de grande dignidade.
Ariosto aposentou-se, Dona Tereza também, foram para outro estado.  Josias passou a trabalhar em navios, como chefe de cozinha. Comprou carro, casa e casou-se. Sempre o encontro na rua, quando me dá notícias de Ariosto, que ele sempre agradece pelo bem que fez à sua vida.
Ontem, recebi a visita de Ariosto, amigo de muitos anos e ele me falou da alegria de ter feito o que fez  por aquele garoto, tê-lo tirado da rua e ter tido a coragem e o apoio de sua esposa para levá-lo para sua própria casa. "Ele sempre me liga, fala com a Tereza e quando passa um mês sem nos procurar minha mulher começa a se preocupar.", disse um Ariosto feliz e cheio de orgulho pelo seu gesto com Josias.
É claro que ninguém vai sair pelas ruas procurando pequenos delinquentes e levá-los para casa. Mas se temos a oportunidade de tirar alguém da marginalidade, com palavras, apoio para um curso é interessante.Porque as crianças de hoje serão os homens de amanhã. O gesto do economista Ariosto foi belo e confortante, pois além de ter salvo a vida de uma criança, ele colocou um homem trabalhador, honesto e útil de volta à sociedade.

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