quinta-feira, 31 de março de 2011

Major Curió, o "Carrasco do Araguaia" preso em Brasília

Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido nacionalmente como Major Curió, um dos chefes da repressão à Guerrilha do Araguaia, foi preso anteontem em sua casa em Brasília, durante uma operação de busca e apreensão a documentos da ditadura militar.
Os agentes federais buscavam documentos que pudessem ajudar na localização de corpos das vítimas da guerrilha. Segundo a Superintendência da Polícia Federal (PF) do Distrito Federal, o major Curió guardava em casa armas sem o devido registro de porte, o que resultou na prisão.
A PF não informou quantas armas e quais os modelos do armamento encontrado sem registro. Depois de prestar depoimento à Justiça Federal e aos policiais federais, Curió foi levado para o Batalhão de Polícia do Exército, uma vez que é militar, onde está preso.
Os agentes federais e o procurador da República Paulo Roberto Galvão foram até a casa de Curió para tentar resgatar documentos do período da ditadura (1964-1985), em especial de sua atuação durante a Guerrilha do Araguaia, nos anos 70.
Nos últimos anos, Curió afirmou em entrevistas que possuía farto material com detalhes das mortes dos guerrilheiros. Em sua casa, foram apreendidos papéis, um computador e as armas.
O Ministério Público Federal (MPF) vai submeter o computador a análise em busca de documentos que possam estar digitalizados. Entre os papéis encontrados pelo MPF, estão páginas de documentos antigos com o selo "confidencial". No entanto, a instituição não confirmou se o material pode ajudar na localização dos corpos dos guerrilheiros enterrados no Araguaia (TO).
A busca por documentos é uma resposta a uma ação movida na 1 Vara Federal por 22 familiares de 25 vítimas da repressão à Guerrilha do Araguaia. Os familiares querem saber o destino dado a esses guerrilheiros, localizar os corpos e realizar seus funerais.
Curió foi o principal nome dos militares na repressão à guerrilha movida pelo PCdoB e por camponeses da região do Araguaia. O governo federal já fez buscas em Tocantins, orientadas pelo Exército. Na região, impera a lei do silêncio entre pessoas que viveram o período e o MPF no Pará registra diversas denúncias de supostas ameaças de Curió para que as testemunhas não apontem os locais ondem possam estar essas ossadas.
— Era o que precisava ser feito desde a sentença da Justiça Federal, em 2007: essa busca aos documentos. E espero que sejam feitas outras mais — disse Crimeia de Almeida, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Segundo Crimeia, a busca na casa de Curió é resultado de uma ação movida por 22 familiares de 25 desaparecidos, entre eles o marido de Crimeia, André Grabois, um dos líderes da guerrilha.
Curió: crueldade é com ele mesmo!
Curió, que recentemente deu entrevista a uma emissora de TV onde disse não se arrepender de ter "defendido o país dos comunistas e que faria tudo de novo", é acusado de vários crimes.  Um deles, contra uma jovem no Araguaia,quando a moça já estava presa, e ele chegou perto dela de arma em punho, e perguntou seu nome. "Gurrilheira não tem nome!", respondeu  a jovem, ao que  Curió sem dó nem piedade desferiu uma saraivada de balas a matando covardemente. Curió também matou o menor Laércio Xavier da Silva, de 16 anos, em Brasília, que segundo ele estava em seu quintal. Ele, como um dos  maiores  representantes da repressão militar vivo, sempre gostou de resolver suas questões na base da bala.

Nenhum comentário:

Postar um comentário