quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Conversa (sobre) botequins

Passei ontem a pé, pela Praça da República e, em dado momento, parei e olhei para um local, pelo lado primeiro da Praça, que fica defronte ao hotel Hilton. Batutei até que a memória funcionou e lembrei o nome do bar, o Nota 10. À primeira vista estranho, o Nota 10 era um bar diferenciado, com uma boa cerveja, atendimento mesmo nota 10 e sempre com alguns companheiros para um bate papo. Era a historia de não querer ficar no Bar do Parque e caminhar para o Nota 10. Não lembro se fechava, mas parece que ia direto. Toda hora tinha gente para consumir e para atender. Era um Bar mesmo Nota 10.
O Centro de Belém hoje anda carente de bares. Mas já foi muito bom. Foi-se o tempo em que podia-se  marcar com uma colega, um amigo que vinha de fora ou mesmo para um fim de tarde pelo centro da cidade. Fecharam quase todos. Há alguns anos, o centro tinha tantos bares que se disputava em qual lugar se marcava para uma "saideira". Na Presidente Vargas tinha um bocado de "sujinhos". Perto do Hotel Itaoca, tinha o Café e Bar do português. O pastel era famoso. Na esquina da mesma Presidente Vargas com a 28, bem atrás do banco do Brasil, tinha o Hakata, do japonez, que bebia tanto quanto vendia. O cara era gente fina. Muitas vezes o deixei em casa, na Magalhães Barata, depois de um porrezinho de leve. O Pastelão dele era de mais de 20 centímetros. Num deles, ia do queijo à azeitona, passando pelo picadinho e até farofa. Um pastelão. Meu amigo Fred era freguês diário. Vizinho tinha uma roleta, que o Antonio José adorava. Na Manoel Barata, o Navegantes era o retrato de Portugal à noite. Com uma decoração sempre viva, o portuga adorava conversar. Lá, tinha o vinho da casa, servido numa caneca generosa. Era branco ou tinto.  A cerveja era bem gelada e a outra boa pedida era  o  queijo Provolone à milanesa. Uma maravilha.  Mais à frente, na mesma Manoel Barata, defronte o Buraco da Palmeira, um belíssimo bar, nos altos. O falecido cantor e compositor Roberto Reis sempre se apresentava lá, principalmente às sextas e sábados. Sua cantora predileta era a Márcia. Cantava muito. àrticiou de vários festivais aqui e no interior. Sobre o Roberto Reis, certa feita,  ele resolveu morar no centro da cidade e montar um bar na casa dele. Já pensou? Cantor, compositor, violonista, boêmio e com um bar em casa? Quase seu casamento vai pras cucuias. No térreo do Hotel São Geraldo também tinha um interessante bar.  Outro bom local era o Restaurante Internacional, do amigo Amadeu Vidonhos. Antes funcionava também como bar, onde em determinados dias, o almoço ia até 18 horas. O velho amigo Pratilha, comunista de muitas histórias,era frequentador de carteirinha do Inter. Pratilha morava em Icoaraci mas não se preocupava com a chegada em casa. No outro dia estava sempre bem.
Na Frei Gil de Vila Nova, esquina com Aristides Lobo, funcionava o Germânia. Local fino, discreto e com uma frequência muito boa. O alemão proprietário era uma simpatia. Faleceu, e sua  mulher não perdeu tempo e casou com outro gringo, também alemão. Ficou tocando o Bar, até que o novo marido, junto com ela, sofreu um assalto, levou um tiro e ficou paralítico. Ainda hoje tenho um quadro que ele pintou e me presenteou. Desgostosa, vendeu tudo e foi para o interior. Parece Nova Timboteua. Na mesma Frei Gil, esquina com Ó de Almeida, a filha de um português montou um bar, onde tinha bons tiragostos e uma cerveja gelada. Frequnetei muito ese local, com meu amigo Ronaldo Bandeira. O problema é que ela bebia mais que vendia. Daí,  acabou quebrando. Um pouco afastado do Centro, na Doca, O Coxixo foi palco de grandes encontros e debates políticos. Ironicamente, o Coxixo mudou de nome e virou quartel general dos tucanos. Égua!
O Centro hoje está esquisito. Não tem mais bares. Até os velhos Gato Preto, o Canto do Sabiá e aquele bar estranho da Aristides Lobo com Piedade, parece não funcionam mais. O Manoelzinho, do Diário, era figurinha carimbada todos os dias neste último. Ao meio dia. Era para bater o ponto numa branquinha. O fotógrafo Cândido Sodré (que Deus o tenha!) era também assíduo do local.

2 comentários:

  1. Legal. Tenho saudades deste bares do Centro da cidade. Faltou falar na Cova da Onça.

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  2. A Cova da Onça ainda funciona, embora o donos tenham morrido. Os filhos ainda estão tocando o Bar e Restaurante.

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