quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Samba. Todo dia é dia!



                                           Uma das pérolas de Paulinho da Viola, no Dia do samba

Não concordo com o Dia 2 de Dezembro ser o Dia do Samba. Qual que é? Todo dia é dia de Samba e do Samba! Dia de sambar, de cantar e de ouvir a melodia maravilhosa do ritmo mais rico do Brasil.
Uns dizem que o Samba nasceu na Bahia; outros, no Rio de Janeiro. Os mais afoitos apostam que o Samba é oriundo do Jungo ou de outros ritmos africanos. A verdade é que o samba é mesmo brasileiro. Em todos os estados do País existem sambas e sambistas. É como o Choro. Tem "chorão" em todos os estados. Aqui mesmo em Belém existem vários grupos de Choro e de Samba.
Aprendi a gostar de samba ainda garoto. Um vizinho comprou um "radiola" e só possuía dois LPs: "Um órgão no Samba" e o fantástico "Descendo o Morro", com mestre Roberto Silva, o conhecido "Príncipe do Samba", cantando sucessos de todos os tempos. Aliás, sobre Roberto Silva, que depois passei a admirar mais ainda, está ainda vivinho da silva, com 90 e umas primaveras bem vividas. E ainda cantando muito!
O Samba hoje está um pouco carente de gente nova. Mas, como  bem disse o poeta, " O Samba agoniza mas não morre".Ou como Paulinho da Viola colocou numa de suas letras mais famosas":

"Há muito tempo eu escuto
esse papo furado de
que o Samba acabou,
Só se foi quando o dia terminou".

O Samba é um de nossos produtos mais exportados. Aliás não só sambas, mas sambistas. Vinícius era compositor, principalmente de sambas. Tom Jobim, também. Chico Buarque de Hollanda, idem. Os três fizeram belas carreiras nos estados Unidos e Europa. E mesmo que este  trio tenha  frequentado a Academia, foram parceiros e enalteceram feras oriundas dos Morros cariocas como Cartola, Carlos Cachaça, Monarco,  Nelson Cavaquinho, Ismael Silva, Geraldo Pereira, Wilson Batista Ataulfo Alves, e o maior de todos: Noel de Medeiros Rosa, sambista e cronista de todos os tempos, que infelizmente morreu precocemente aos 27 anos,  mas com uma produção de mais de 250 músicas, de primeira qualidade.
O time de sambistas brasileiros modernos, principalmente do Rio de Janeiro, é simplesmente uma seleção imbatível: Roberto Ribeiro, Candeia,  Nelson Cavaquinho, João Nogueira (falecidos), Zeca Pagodinho, Sombrinha, João Bosco, Jorge Aragão e muitos outros.
De vez em quanto me pego cantando um dos mais belos Sambas do genial  Nelson Cavaquinho:

"Tire o seu sorriso do caminho,
Que eu quero passar com a minha dor.
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor.
Eu só errei quando juntei minha alma à sua
O sol não pode viver perto da lua".

Para os que não gostam por qualquer motivo ou mesmo desconhecem a poesia e a melodia  do verdadeiro Samba, é importante que ouçam a beleza de um Samba na voz de João Nogueira ("Súplica", "Espelho", "Poder da Criação"); Cartola ("As rosas não falam", "Tive sim", "Alvorada");  Paulinho da Viola ("Bêbadosamba", "Argumento", "Tinha eu 14 anos"); Chico Buarque de Hollanda ("Quem te viu, quem te vê", "Homenagem ao malandro", "A Rita") ou Martinho da Vila ("Mulher", "Aquarela Brasileira", "O pequeno burguês" ). São verdadeiras obras primas da principal vertente da MPB: o Samba.  Viva o Samba!

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