terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"A César o que é de César"

Elvis morreu mas continua "vivo"
Mesmo que não seja muito amante dos EUA, reconheço nos filhos de Tio Sam algumas virtudes. Uma delas é com relação ao respeito que tem pelos seus artistas. Os ícones americanos -dentre os quais alguns eu admiro muito- como Michael Jackson, Frank Sinatra, Elvis Presley, James Dean, John Wayne e outros, são eternamente lembrados por eles, que inclusive conseguem fazer uma mídia mundial ao ponto destes verdadeiros deuses serem eternamente amados em todo os países do mundo. Assim é que figuras do cinema como Marilyn Monroe, Clark Gable, Fred Astaire e muitas outras lendas vivas da Sétima Arte e  da música,  continuam "vivos" para os americanos. Até John Lennon, que mesmo sendo inglês era residente e cidadão americano, hoje, 30 anos depois de sua morte, ainda é homenageado, suas músicas enram em filmes e é sempre regravado, além de livros  que são sempre lançados com novas biografias, sempre com fatos novos sobre sua vida.
Michael Jackson morreu ano passado e depois de sua morte conseguiu engordar sua fortuna em mais de um bilhão de dólares. Elvis Presley, que morreu em 1977, portante há 33 anos, ainda hoje é um dos artistas americanos mais reverenciados, tanto pelos americanos como pelos fans do mundo inteiro. Se estivesse vivo, Elvis teria hoje 75 anos, um velhinho, mas os americanos não o vêem assim, enxergam o misto de ator e cantor como um eterno ídolo, imortal para eles. 
Nós brasileiros infelizmente temos memoria curta. Meu pai sempre me falou que em sua juventude Orlando Silva era o cara. Quando ele se hospedava em um hotel em qualquer cidade do país, as fans disputavam até a ponta de cigarro que ele jogava, charmosamente, de cima do apartamento. Mas Orlando, mesmo sendo chamado o "Número 1", o "Cantor das Multidões", perdia feio para Chico Alves, o Chico Viola, que morreu em uma acidente automobilístico no início da década de 50. Um pouco à frente, mais  para nossa época, artistas populares do Cinema e da Música  se estão vivos desapareceram na poeira do tempo, e se morreram, muito pior, ninguém conhece, não sabem nem quem foi, ninguém se preocupa em preservar a memória cultural de nossa Nação.
Isso é motivo de preocupação. Porque hoje, mesmo pessoas que já chegaram ao Terceiro Grau, cursando ou já concluído, têm dificuldade em conhecer obras cinematográficas de Glauber Rocha,  musical de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves (endeusado por nossos pais e avós),  Rita Lee e os Mutantes, precursores do Rock nacional e se duvidar não sabem que  os "Demônios da Garôa"  e o MPB4  são dois dos grupos musicais em atividades mais antigos do mundo: o primeiro com mais de meio século e o segundo com  quase 50 anos cantando profissionalmente.
Há poucos dias revi o Documentário "A história do Jazz", onde grandes nomes da música americana que representaram durante anos e anos o jazz são homenageados em um concerto fantástico, com apresentação dos veteranos e dos novos, num claro e importante respeito em forma de tributo a quem contribuiu para o engrandecimento e enriquecimento da cultura. 
Os americanos para mim -repito- têm muitos defeitos. Mas também têm suas virtudes. Isso temos que respeitar. Como diria meu querido pai: "Temos que dar a César o que é de César".

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